Releitura do clássico das festas juninas, a maçã do amor, conquistou o paladar dos internautas e consumidores e se tornou, em pouco tempo, um dos itens mais disputados do momento
Um doce novo – mas com cara de nostalgia – tem tomado conta das redes sociais e das confeitarias do Grande ABC. O chamado “morango do amor”, releitura do clássico das festas juninas, a maçã do amor, conquistou o paladar dos internautas e consumidores e se tornou, em pouco tempo, um dos itens mais disputados do momento.
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Em São Bernardo, a confeiteira Stefanie Sampaio, 33 anos, do bairro Vila São Pedro, começou a produzir o doce há apenas duas semanas e já sente os efeitos do “boom” digital. Dona da loja Sabores da Téia, ela abre as vendas duas vezes por semana e, em cada uma dessas aberturas, as 50 unidades disponíveis – vendidas a R$ 15 cada – se esgotam rapidamente. “Comecei mesmo por conta do que está acontecendo. Nunca tinha feito, só maçã do amor. Quando começou o boom na internet, os clientes começaram a me pedir”, conta.
Ela lembra que o sucesso veio logo após um primeiro teste bem-sucedido: “Acertei o ponto da calda", destacou. "Depois de um post [no Instagram], o negócio começou a pipocar no WhatsApp. Sempre que abro a venda, consigo atender todos os pedidos dentro do meu limite.”
Mas, com a alta repentina da demanda, também vieram os desafios – o maior deles, conseguir morangos. “Em São Bernardo, no Grande ABC, está muito difícil. Tive que buscar na redondeza do Mercadão, em São Paulo. Os preços subiram demais. Tem lugar vendendo a caixa com quatro bandejas a R$ 60. Antes disso, era R$ 30. Dobrou.”
Com mais de dez anos de experiência em confeitaria, Stefanie já tinha familiaridade com morango — usava a fruta em outras criações, como as coxinhas de brigadeiro. Mas agora, com a febre do novo doce, até o restante do cardápio perdeu espaço. “Depois desse morango do amor, as pessoas não querem saber de mais nada.”
Mesmo assim, ela vê o movimento com bons olhos e até compartilha conhecimento com outras confeiteiras. “Essa semana eu dei aula para uma que tentou fazer a calda e queimou. Agora ela acertou e está conseguindo vender. Isso é tão prazeroso. A confeitaria não é um ringue, todo mundo passa pelos mesmos processos. Tem que estar todo mundo lado a lado.”
Além do morango do amor, Stefanie segue produzindo pão de mel (R$ 8 a unidade) e brigadeiros (R$ 250 o cento), com produção artesanal e cuidadosa. “O brigadeiro fica na panela por uns 20 minutos, depois precisa esfriar. Não dá pra fazer mais nada enquanto isso. Depois que ele está pronto, demora quase 4 horas até a finalização. Por isso aquele meme: ''Uma coisa que você faz em 10 horas para vender em 5 minutos'' faz tanto sentido.”
A logística, por sua vez, é feita com ajuda de aplicativos. Sem motoboy fixo, ela combina o envio via Uber com os próprios clientes. Um dos pedidos recentes foi de Guarulhos, que aproveitou para encomendar os outros doces que Stefanie produz em sua loja: “Ela falou ‘já que eu vou pedir, manda tudo.’”
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O sucesso do “morango do amor” também fez a alegria da confeiteira Camila Souza, que comanda a Confeitaria Camila Souza, no bairro Jardim, em Santo André. O hype do doce fez as vendas crescerem 125% nas últimas semanas.
Com cinco anos de mercado, Camila afirma que o aumento de pedidos veio de surpresa, impulsionado por vídeos e publicações nas redes sociais. “Geralmente, a gente se prepara com dois meses de antecedência para datas como a Páscoa. Desta vez, não deu tempo. Mas foi um excelente mini-boom”, diz.
Além de aumentar o faturamento, o doce também ajudou a atrair novos clientes, que passaram a conhecer outros produtos da casa. “Eles chegam por causa do morango e depois voltam para comprar outros doces. Isso tem sido incrível para o negócio.”
A explosão do “morango do amor” mostra como tendências nas redes sociais podem transformar, de forma espontânea, a rotina e o faturamento de pequenos empreendedores. No caso das confeiteiras do Grande ABC, a receita é simples: criatividade, dedicação — e, claro, uma calda vermelha brilhante para encantar os olhos e o paladar.
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