O Japão é um país que impressiona por vários motivos. A começar pela organização da sociedade, que se reflete no cuidado com o espaço público, na pontualidade exemplar dos serviços, na segurança nas ruas e na valorização do bem coletivo. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) japonês está entre os mais altos do mundo, e isso não é por acaso. Há um investimento constante em educação, tecnologia e inclusão. E foi exatamente sobre esses três pilares que se estruturou minha imersão por terras nipônicas.
Um dos pontos altos da viagem foi conhecer a impressionante malha ferroviária do país, em especial o Shinkansen, o famoso trem-bala. Mais do que uma solução de transporte rápido, esse sistema simboliza o compromisso do Japão com a eficiência, a mobilidade e o respeito ao tempo do cidadão. O investimento em transporte de alta performance, pontual, seguro e limpo revela muito sobre as prioridades de uma nação que valoriza a qualidade de vida e a sustentabilidade urbana. É impossível não pensar em como esse modelo poderia inspirar melhorias nos sistemas de transporte público das cidades brasileiras — ainda marcados pela lentidão, superlotação e falta de integração.
Outro momento marcante foi conhecer um projeto de inclusão produtiva de pessoas com deficiência baseado em tecnologia de avatares. A iniciativa permite que pessoas com limitações motoras severas possam trabalhar remotamente, por meio de robôs humanoides que interagem com o público em tempo real. A tecnologia japonesa, nesse caso, não substitui o ser humano — ela potencializa sua presença e amplia sua participação no mercado de trabalho. É um exemplo admirável de como inovação e empatia podem caminhar juntas. No Brasil, onde a inclusão ainda é um desafio, projetos como esse poderiam transformar vidas e romper barreiras invisíveis.
E por falar em compromisso com o futuro, não poderia deixar de destacar a preocupação do Japão com a agenda climática. Foi em Kyoto, em 1997, que o mundo deu um passo importante com a assinatura do Protocolo de Kyoto, o primeiro grande tratado global para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Esse espírito de responsabilidade ambiental permanece vivo no país. O Japão investe pesado em tecnologias verdes, eficiência energética, transporte limpo e educação ambiental. As cidades japonesas são laboratórios vivos de sustentabilidade aplicada, onde pequenas ações cotidianas geram grandes impactos positivos. Essa visão de longo prazo é algo que precisamos importar com urgência para a gestão pública brasileira.
Ao olhar para essa experiência de forma mais ampla, fica claro que o Japão é mais do que um país desenvolvido — é um exemplo de como se faz boa gestão com propósito, planejamento e respeito ao ser humano. É claro que não se trata de copiar modelos prontos, mas sim de aprender com as boas práticas e adaptá-las à nossa realidade. Se quisermos transformar nossas cidades em lugares mais inclusivos, modernos e sustentáveis, precisamos buscar inspiração em quem já percorreu esse caminho.
Essa viagem não foi apenas uma oportunidade de aprendizado — foi um convite à reflexão sobre o que queremos para o futuro do nosso país. E mais do que isso: foi uma reafirmação de que é possível fazer diferente, e melhor, quando colocamos a inovação a serviço das pessoas, a tradição a serviço da identidade e a gestão a serviço do bem comum.
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