Estamos presentes em todos os territórios e comunidades: dentro das Unidades Básicas de Saúde nas grandes cidades, nas comunidades do Rio de Janeiro, sentados em um banco debaixo de árvores em zonas rurais, nas áreas indígenas e quilombolas, no atendimento à população em situação de rua e até em unidades do sistema prisional. Estamos em todos os locais para promover uma saúde de qualidade, com foco na prevenção, diagnóstico e controle de doenças. Você também encontra médicos de família e comunidade em hospitais, consultórios particulares e planos de saúde.
A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade médica com formação por residência. Durante dois anos, o residente já formado em Medicina se especializa por meio de aulas teóricas e atuação prática com seus preceptores, que são médicos experientes responsáveis pela formação. Outra forma de se tornar especialista é por meio da prova de título oferecida pela SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), mediante o cumprimento de uma série de requisitos, como carga horária mínima na Atenção Primária pelo dobro do tempo da residência (quatro anos) e a realização de cursos específicos.
Somos considerados “médicos de gente” porque atuamos de forma integral na saúde da pessoa. A parte “família” do nome refere-se ao fato de analisarmos como o contexto familiar pode afetar a saúde não apenas em aspectos genéticos e hereditários, como a possibilidade de doenças crônicas herdadas dos pais, mas também pela convivência, rotina e estrutura familiar, que influenciam diretamente a qualidade de vida.
E quanto à “comunidade”, o território onde a pessoa vive também diz muito sobre os sintomas que ela apresenta. Quem vive em regiões de conflito e violência, por exemplo, tem mais chances de desenvolver estresse pós-traumático e síndrome do pânico. Já em áreas sem saneamento básico adequado, é maior o risco de surtos de doenças como malária e hepatite, entre outras.
A Medicina de Família e Comunidade é a principal porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde). A partir do primeiro contato com esse médico especialista, é possível resolver até 90% das demandas apresentadas em consulta. Quando necessário, fazemos o encaminhamento para um especialista focal como ortopedistas, cardiologistas, ginecologistas, hematologistas, entre outros, que também são fundamentais para a continuidade do cuidado.
O controle de doenças crônicas, assim como o diagnóstico, a prevenção e as ações de promoção da saúde frente a diferentes condições das mais leves às mais graves, como o câncer, são realizados a partir do que chamamos de longitudinalidade, que é o acompanhamento contínuo do profissional de saúde ao longo da vida da pessoa.
Independentemente da idade, gênero ou cor, o médico de família e comunidade possui habilidades adquiridas durante sua formação para acompanhar a saúde dos indivíduos em todas as fases da vida, desde o nascimento até o envelhecimento. Assim, esse profissional cuida da pessoa e, muitas vezes, de sua família em todos os momentos, prevenindo doenças, tratando aquelas que surgem pelo caminho e promovendo saúde a partir das condições de vida de cada brasileiro.
E você, já tem um médico de família e comunidade para chamar de seu?
Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
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