Iniciativa coleta e reforma doações, que, vendidas, ajudam crianças com câncer
A história começou quando Rose estava trabalhando no estoque da casa que cuida de crianças e adolescentes com câncer. “Muitos pais em dificuldade para comprar um novo brinquedo recorrem ao bazar. Pensei que era um respeito às crianças receber um novo amigo, limpo e bem cuidado”, relembra a ‘doutora’, que viu na oportunidade uma maneira de cobrar de forma mais justa os itens (atualmente na faixa de R$ 15).
Com o tempo, a psicóloga percebeu que o que era deixado ali como lixo poderia ser recuperado. “Os brinquedos não têm defeitos, sempre reforço isso. Uma boneca, uma pelúcia, um videogame, nunca estão perdidos”, diagnostica a ‘médica’ dos brinquedos, que trocou o descanso da aposentadoria, após 18 anos em sua especialidade, para ser voluntária na causa.
Segundo ela, o principal problema “é que os pais não orientam as crianças a cuidarem desde cedo dos brinquedos” e, o que só precisava de uma limpeza com frequência, muitas vezes acaba sendo mandado embora. “E, pode ter certeza, o que uma família não quer mais, outra criança se encantará. O que move é esta satisfação”, pontua.
Ana Lucia Borelli, coordenadora do grupo de voluntários que cuida das vendas da lojinha com os brinquedos restaurados, destaca que o fim de ano marca o principal volume de doações no hospital. “Em contrapartida, em outubro (mês das crianças) é quando os brinquedos mais são revendidos. Agora, entre 6 e 9 de maio, para comemorar o Dia das Mães, a gente já está separando o que há de melhor para a realização de um bazar: Barbies seminovas, bonecas Baby Alive, super-heróis e eletrônicos especiais com preços ótimos”, comenta.
Brinquedos antigos e considerados raridades para coleção também são achados frequentemente nas prateleiras da lojinha. O caso mais inusitado, de acordo com Ana Lucia, foi uma boneca Amiguinha, da Estrela, fabricada em 1960 e que é da altura de muitas crianças. “Lembro que uma mãe presenteou seu filho autista com ela, assim ele teria companhia para dormir. Outro pai também aproveitou para trazer as filhas para conhecer o espaço e a realidade de outras crianças durante a doação”, conta.
A variedade de brinquedos oferecida pelo espaço foi elogiada por Luan Cesar Silva, 9 anos, que é atendido pela Casa Ronald McDonald durante o tratamento de um câncer no testículo. “Todo dia tem um brinquedo novo. Lá, também tem novidades em roupas e sapatos. E o melhor é que esse dinheiro vai voltar para ajudar a mim e a outras crianças”, reflete.
O convite para que outros pequenos deixem brinquedos que já não interessam ou que comprem no local um novo também foi feito por Maria Nataly de Souza, 10.Com o objetivo de ser médica oncologista, para tratar o câncer de outras crianças como ela – que tem retinoblastoma, espécie de câncer no olho –, a garota gosta de ir à lojinha todos os meses. “Os outros também vão adorar e não só por ajudar a gente”, afirma.
O hospital de brinquedos opera todos os dias, das 9h às 16h, na Avenida Príncipe de Gales, 821 – Vila Príncipe de Gales, em Santo André.
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