Vereador aliado do ex-prefeito José Auricchio Júnior votou contrariamente à CPI da Dívida e tem feito críticas ao atual governo
Postura adotada pelo vereador Matheus Gianello (PL) na Câmara de São Caetano pode lhe render expulsão partidária. O parlamentar, aliado do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSD), tem dado sinais de flerte com a oposição à gestão Tite Campanella (PL).
A executiva municipal da sigla não descarta debater o assunto internamente e adotar medidas contra Gianello, que não tem seguido a bancada e as diretrizes estatutárias. A informação foi confirmada pelo presidente do diretório, Cícero Moreira, o Cicinho. Indagado se as atitudes do parlamentar podem levá-lo à comissão de ética e uma possível expulsão, a resposta foi de que o assunto será “levado à diretoria do partido, para decisões serem tomadas em conjunto”.
O liberal, em seu segundo mandato, e ex-secretário de Planejamento – esteve no primeiro escalão entre fevereiro de 2023 e abril de 2024 – votou contra a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Dívida, que investiga rombo de R$ 1,15 bilhão deixado pela gestão Auricchio. Além disso, tem subido o tom contra o governo Tite.
Entre os alvos, mudanças implementadas para a otimização operacional e financeira das linhas de ônibus municipais dentro do Tarifa Zero, críticas à substituição das cestas básicas por créditos para compra de alimentos em estabelecimentos comerciais conveniados com a Prefeitura. A nova modalidade, segundo a administração, vai facilitar a vida dos moradores, fomentar a economia local e reduzir custos com logística e armazenagem dos itens não entregues por ausência dos beneficiados.
A conduta de Gianello se coaduna com denúncias de calote em cabos eleitorais, supostamente contratados por fora da prestação de contas e aumento de patrimônio em mais de 1.300%. As atitudes são avaliadas por lideranças do PL como incompatíveis com os valores partidários e de um representante eleito pelo voto.
LEIA MAIS:
Gianello, conhecido por seu ‘perfil apagado’, ontem trocou farpas com o líder do governo, César Oliva (PSD), que o questionou sobre os diversos apontamentos do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) com relação a concursos públicos realizados no período em que era secretário, portanto, responsável pelos certames. O pessedista lembrou que o concurso para a GCM (Guarda Civil Municipal) foi “mal conduzido” e outro, para procurador, foi arquivado com a possibilidade de “voltar à investigação caso se encontre alguma improbidade ou dano ao erário”. Ambos os casos são de 2023.
Irritado com os apontamentos do líder de governo, Gianello elevou o tom e mandou o colega “voltar a estudar”. Ambos são advogados.
Procurado, Gianello respondeu ao Diário que os apontamentos foram cumpridos e que as críticas ao governo refletem suas convicções.
“A bancada do partido conta com cinco vereadores, cada um com autonomia para expressar suas posições. Embora pertença ao mesmo partido do prefeito, todas as minhas manifestações na tribuna refletem exclusivamente minhas convicções e meu entendimento do que é correto para São Caetano. Reitero que, quando estive à frente da Secretaria, sempre segui rigorosamente as recomendações do Ministério Público. Todos os apontamentos foram cumpridos e eventuais processos, devidamente arquivados”, disse.
“Qualquer menção a um suposto processo ético dentro do partido não passa de invenção, sem qualquer fundamento no estatuto do PL”, complementou o liberal.
LEIA TAMBÉM:
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.