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A paternidade vivida em duas gerações

Mais de 20 anos separam os primogênitos dos caçulas desses pais que viveram a experiência da criação em diferentes fases

10/08/2025 | 08:54
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FOTO: Denis Maciel | DGABC
FOTO: Denis Maciel | DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O empresário andreense Marcio Moreno, 63 anos, viveu a paternidade em momentos bastante distintos da vida. Em 1995, aos 33, foi pai dos gêmeos Rafaela e Marcio Costa, de 30 anos. Exatos 26 anos depois, no dia do aniversário dos primogênitos, em 16 de janeiro de 2021, nasceramu os gêmeos, Sophia e Matheus Moreno, 4. Ele conta que, apesar de fisicamente não ter a mesma disposição, tem mais maturidade hoje para lidar com os desafios da criação. 

Marcio ficou viúvo quando os filhos tinham 13 anos e, desde então, os criou sozinho. “Fiquei ainda mais presente. Foram 10 anos me dedicando somente a eles e ao trabalho.” Há cerca de uma década, conheceu sua atual esposa, a dona de casa Amanda Moreno, 41. O casal não planejava ter filhos, inclusive, ela estava prestes a remover o útero por estar comprometido com vários cistos. Porém, antes da cirurgia descobriu que estava grávida. “Tem gente que confunde e me chama de avô, acha que meu filho Marcio é o pai das crianças, mas isso não me afeta. Não foram planejados, mas hoje são a alegria de todos nós.” 

A experiência de tantos anos com a paternidade traz mais serenidade para lidar com as dificuldades. “Antes ficava desesperado quando aconteciam acidentes em casa. O Marcio teve o mesmo episódio quando criança, e caiu e perfurou a cabeça, eu fiquei desesperado. Quando aconteceu com o Matheus tive mais calma para resolver”, revela. 

Marcio Costa, que trabalha com marketing digital, destaca que o empresário sempre foi um excelente pai e que curte muito os irmãos caçulas, presentes recebidos no seu aniversário. “O dia 16 de janeiro é uma festa, com os quatro comemorando juntos. Sempre gostei de comemorar e hoje ainda mais. Compramos quatro bolos sempre e fazemos um festão”, revela. Médica veterinária, Rafaela mora atualmente em Santa Catarina e, mesmo quando não pode estar presente, participa virtualmente dos momentos em família. “Mesmo ela estando longe, falo com minha filha várias vezes por dia”, conta o pai.

NA ADOLESCÊNCIA 

O advogado são-bernardense Fagner de Freitas Lima, 40, vivenciou o outro extremo, pois tornou-se pai do técnico de enfermagem Eduardo Lima, 24, aos 16 anos. “Fugi com a mãe dele para Santo André quando tínhamos 14 e um pouco depois ela engravidou”, conta Freitas, que hoje mora na divisa do município, em São Matheus, Zona Leste da Capital. 

“Tive também a Suany Polo (estudante, 23), aos 17. Houve muitos problemas em ser pai nessa idade, não tinha estabilidade financeira, precisei abdicar de muitas coisas. Mas hoje meus filhos são uma benção na minha vida, mas não aconselharia alguém a ser pai tão jovem”, ressalta. 

Eduardo afirma que ele e seu pai passaram por momentos difíceis. “Não fomos tão próximos na minha infância, mas compreendo que quando nasci ele era adolescente. Agora com 40 ele virou um paizão. Quando estamos juntos somos bons amigos, sempre damos boas risadas”, diz. O advogado destaca que a vantagem de ser sido pai tão jovem é que hoje possuem idades muito próximas e são companheiros. “Poderíamos ser irmãos. Nossas conversas são descontraídas e eu aprendo muito com ele.”

Fagner também experimentou a paternidade em diferentes gerações, em uma fase mais madura. Ele é pai de Helena e Ana Liz Resende de Freitas, de 4 e 2, ou seja, são 22 anos de diferença entre o primogênito e a caçula. O são-bernadense tem ainda um filho de criação, o barbeiro Kayky Resende, 23. 

NOVA CHANCE

A neurocientista Telma Abrahão destaca que a experiência de ser pai em gerações distintas é profundamente transformadora. “Ela permite que esses pais revisitem suas atitudes, reparem erros e se reconectem com a própria história. A segunda jornada costuma ser mais suave, amorosa e consciente. É comum que esses pais convivam com a culpa por não terem sido tão presentes ou preparados na primeira experiência”, avalia.




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