Política Titulo Em defesa de Bolsonaro
Vereadores admitem obstrução de pautas nas Câmaras da região

PL estuda criar movimento nacional para travar trabalhos nos legislativos municipais caso projeto de lei da anistia não avance no Congresso

09/08/2025 | 22:09
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FOTO: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
FOTO: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


As Câmaras do Grande ABC podem sofrer com a obstrução de pautas. Movimento iniciado no Congresso (leia mais abaixo) tem por objetivo pressionar as mesas diretoras da Câmara Federal e do Senado a pautar o projeto de lei 2858/2022 que versa sobre a anistia a condenados pela tentativa de golpe de Estado. A ideia é que vereadores travem votações e desta forma gerem efeito cascata invertida, de baixo para cima, até que a mobilização vire nacional.

A ação estaria sendo coordenada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. 

Em ao menos duas cidades do Grande ABC, parlamentares já se posicionam e devem seguir orientações partidárias.

O vereador Lucas Zacarias (PL), de Santo André, explica que a possibilidade de obstrução ocorrer na cidade não está descartada. 

“Neste momento estou aguardando as diretrizes oficiais do partido a nível estadual (sic). Vou seguir as orientações para que possamos agir de forma unida e coerente. Não abrirei mão de defender os princípios conservadores, a soberania nacional e a ordem, mesmo diante das pressões da esquerda”, disse Lucas.

O vereador William Lago, da banca liberal andreense, se disse preocupado com “os avanços do arbítrio no Brasil, do descumprimento das regras constitucionais, desses processos do 8 de Janeiro irem direto ao Supremo, os ministros já manifestam opinião antes do julgamento do processo. As regras básicas constitucionais não estão sendo praticadas e isso preocupa muito, pois o resultado disso é uma injustiça e notória perseguição política”.

O presidente do PL andreense, Luiz Zacarias, afirmou que não aceitará “concessões” e que está “firme na luta contra as forças que ameaçam a liberdade e ordem”. O ex-vice-prefeito de Santo André garantiu que “aguarda diretrizes oficias do partido” para se posicionar com “clareza”.

Em São Bernardo, o vereador Luiz Henrique Watanabe (PRTB) afirmou que apoia a anistia e que fará “tudo o que estiver ao meu (seu) alcance, inclusive com a adesão de movimentos na Câmara”. Sua colega de bancada Nina Braga disse que vai “aguardar orientações dos líderes”.

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O vereador e presidente do PL de São Caetano, Cícero Moreira, o Cicinho, em consonância com a bancada, disse que não recebeu informações sobre o movimento e por isso “não pode avançar no tema”.

Diadema e Rio Grande da Serra não têm nenhum parlamentar do PL. Em Mauá, o Diário não conseguiu contato com os vereadores liberais.

Em Ribeirão Pires, o vereador Matheus Brizotto (PL), se posiciona contrariamente à obstrução. “Independentemente de decisões partidárias em nível nacional, entendo que o nosso compromisso é com a cidade e com o andamento das pautas que impactam a vida da nossa população. O Legislativo deve manter sua autonomia e seguir trabalhando para aprovar projetos que atendam as necessidades locais.”

Corregedoria apura ação de deputados

O presidente da Câmara federal, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou à Corregedoria da Casa os pedidos de afastamento, por até seis meses ou até mesmo a cassação, de 15 deputados que ocuparam a mesa diretora obstruindo os trabalhos legislativos. 

A obstrução dos trabalhos começou na terça-feira (05) e durou 30 horas.

O movimento encerrado na noite de quarta-feira (6), e que pode se repetir localmente na Câmaras municipais de cidades do Grande ABC, foi promovido por deputados aliados do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL). O liberal segue detido no regime domiciliar por descumprir determinações impostas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Bolsonaro é investigado por integrar a tentativa de golpe de Estado.

Deputados que tomaram o plenário da Câmara federal em sua maioria são filiados ao PL. Uma parlamentar do PT também pode sofrer sanções, por supostamente ter agredido o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Estão na mira da Corregedoria os seguintes parlamentares: Marcos Pollon (PL-MS); Zé Trovão (PL-SC); Júlia Zanatta (PL-SC); Marcel van Hattem (Novo-RS); Paulo Bilynskyj (PL-SP); Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); Nikolas Ferreira (PL-MG); Zucco (PL-RS); Allan Garcês (PL-TO); Caroline de Toni (PL-SC); Marco Feliciano (PL-SP); Bia Kicis (PL-DF); Domingos Sávio (PL-MG); Carlos Jordy (PL-RJ); e Camila Jara (PT-MS).

A apuração das condutas foi determinada ainda na sexta-feira, mas o grupo a ser investigado pode aumentar nos próximos dias.

Em nota, a Secretaria-Geral da mesa diretora da Câmara Federal garantiu que “para tratar das condutas praticadas por diversos deputados federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise”.

Após passarem pela Corregedoria, onde as imagens serão analisadas, os processos voltarão à Mesa Diretora para, então, irem ao Conselho de Ética para uma decisão final.




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