Governo federal propõe eliminar obrigatoriedade de prática no processo de habilitação; anúncio já impacta o mercado, que teme demissões
Em 2024, foram emitidas 40.227 permissões e, em 2023, 43.942 nas sete cidades. Somente até julho deste ano, o órgão liberou 19.001 CNHs. Cada um destes condutores desembolsa aproximadamente R$ 1.600. A proposta do Ministério dos Transportes permite que o candidato possa se preparar de forma independente, fora das instituições credenciadas. Sem as aulas, o processo, que demandaria somente a realização das provas teóricas e práticas, e suas respectivas taxas, ficaria de 80% a 90% mais barato. O Ministério dos Transportes justifica que muitas pessoas dirigem sem CNH e a principal motivação é o alto custo da habilitação.
A região possui 185 autoescolas, que já percebem uma diminuição no movimento após o anúncio da medida, que ainda precisa ser aprovada. “Caiu bastante aqui, acredito que uns 50%. Outros colegas com quem conversei comentaram a mesma percepção. As pessoas estão preferindo esperar para ver se conseguem tirar a habilitação mais em conta e com mais facilidade”, conta o proprietário da autoescola Free, em Diadema, Carlos Verginio. “Além disso, vai ocasionar muitas demissões. Cada autoescola tem de 10 a 15 funcionários, seriam cerca de 3.000 trabalhadores sem emprego”, acrescenta.
O presidente do Sindautoescola.SP, sindicato das autoescolas do Estado, José Guedes Pereira, revela que tem recebido o mesmo relato de diversas autoescolas. “Acreditamos que a repercussão da proposta tenha gerado insegurança e desinformação na população, impactando diretamente o setor”, afirma. Pereira destaca que a entidade não é favorável à medida, pois “ela coloca em risco a segurança viária ao enfraquecer o processo de formação de condutores.”
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POPULAÇÃO
Entre os condutores e candidatos à habilitação, as opiniões estão divididas. A cozinheira de Mauá Anita Roque da Silva, 64 anos, está empolgada com a possível mudança. “Pretendo comprar um carro ano que vem e tirar minha CNH. Vai ser ótimo porque posso aprender a dirigir com meu filho e minha nora”, diz. O tecnólogo de Santo André Ezequiel Lima, 46, destaca a facilidade. “Quando eu tirei a minha habilitação, em 1998, não tinha aulas obrigatórias, apenas uma aula teórica. Aprendi a dirigir com meu pai, e foi uma experiência excelente”, avalia.
A doméstica de Mauá Severina Damiana, 53, discorda da medida. “É um absurdo. Acredito que tenha que ter todo o processo”, ressalta. O gesseiro Adilson Andrade, 49, também não aprova. “Acho arriscado, as pessoas não estarão muito bem preparadas e podem causar acidentes. O mais correto é fazer todas as aulas.”
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