Passeio de nave espacial mostra como locais podem incluir quem tem TEA (Transtorno do Espectro Autista)
A galáxia é um lugar para todos. É o que você vai descobrir lendo Ana e Heitor nos Multiversos do Autismo, história em quadrinhos criada pela pedagoga Marcelle Saraiva e pelo ilustrador e quadrinista Gabriel Sorriso, que moram em Santo André e são pais de Ana Luiza, 10 anos, e Heitor, 9, ambos diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Inspirada nas histórias das duas crianças andreenses, a HQ mostra a viagem de dois irmãos com autismo pelos mais diversos ambientes e locais da sociedade, como um cinema ou um hospital, e conta como eles aproveitam as experiências. Para ir de um lugar a outro, a duplinha embarca na nave Faz-de-Conta, movida pela imaginação.
Durante a jornada, Ana e Heitor exploram universos bastante distintos, como Esporte, Games, Hospital, entre outros, com o objetivo de aproveitar cada experiência e revelar curiosidades sobre os espaços. “Crianças com TEA têm comportamentos diferentes. No cinema, muitas delas se levantam durante o filme e batem palma”, ilustra Marcelle.
Com leveza e empatia, a história convida o leitor a enxergar o autismo sob nova perspectiva, promovendo compreensão, humanidade e, principalmente, respeito. A narrativa contribui também para a quebra de preconceitos e atitudes desrespeitosas, além de incentivar a conscientização e a superação de barreiras em busca de sociedade mais justa, acolhedora e inclusiva.</CW>
Conforme Ana e Heitor vão visitando os universos, mostram como deveria ser o atendimento às pessoas com autismo</CW>. <CW-30>Boa parte dos episódios é baseada em experiências reais vividas pelos autores. “Quando entramos em uma fila prioritária, parece que estamos fazendo algo errado. Já ouvi que todo mundo tem a mesma prioridade, o que não é verdade”, conta Marcelle, que trabalha no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Bernardo.
Nem todo mundo tem direito a prioridade para entrar em um parque de diversões, por exemplo, mas crianças autistas têm. Está escrito na Lei 14.626/23, que também protege idosos, grávidas, mães que amamentam, pessoas com deficiência ou crianças de colo, assim como quem tem mobilidade reduzida.
Atualmente, 2,4 milhões de pessoas no Brasil são diagnosticadas com TEA, condição que afeta a interação, o comportamento e o desenvolvimento. Por causa do autismo, Ana Luiza, que inspira uma das personagens da história em quadrinhos, não se comunica pela fala.
A IDEIA
Ana e Heitor nos Multiversos do Autismo não é o primeiro trabalho sobre o tema escrito por Marcelle e Sorriso. Eles são autores de Autista em Crise (lançado em 2024), Meu Gibizinho TEA (2024 e 2023) e Meu Mundinho TEA(2022), todos eles contando um pouco de suas vivências com os filhos.
Sorriso conta que, para ilustrar o livro mais recente, recorreu aos desenhos feitos à mão, deixando o computador um pouco de lado. “Deu ainda mais trabalho, diante da rotina de cuidados(com Ana e Heitor). É uma obra também com mais páginas ”, comenta o artista, que em 2023 venceu o Prêmio Angelo Agostini, um dos mais importantes para quem é ilustrador.
O próximo projeto deve sair no ano que vem. A expectativa é continuar a trama pelos multiversos, incluindo personagens adolescentes. “Há sempre um desejo de continuar. As pessoas, no fundo, não fazem a mínima ideia do que passamos e essa é uma porta para construirmos um futuro melhor”, diz Marcelle.
Ana e Heitor nos Multiversos do Autismo</CF> pode ser comprado pela internet, no site Catarse. A versão impressa custa R$ 47; a digital sai por R$ 20.
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