Há razões objetivas para que o setor produtivo do Grande ABC esteja apreensivo com a decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A região vendeu aos norte-americanos R$ 4,1 bilhões em 2024, com destaque para a indústria metalúrgica, que responde por 78% do volume exportado aos Estados Unidos. O impacto da medida pode comprometer diretamente a balança comercial regional, que é positiva em relação aos EUA, afetar cadeias produtivas e colocar em risco empregos e a geração de impostos em municípios do bloco, especialmente São Bernardo, Ribeirão Pires e Diadema.
A reação das entidades representativas, como o Sindicato dos Metalúrgi-cos do ABC, expressa a gravidade do cenário, pois sinaliza que a região será uma das mais afetadas pela medida. Além da redução das exportações, a tarifa imposta de forma unilateral pode comprometer investimentos e gerar insegurança nos setores que mantêm laços com o mercado norte-americano. A indústria do Grande ABC, voltada para produtos de alto valor agregado, está exposta a um cenário de incertezas que pode comprometer sua competitividade internacional. Diante disso, a omissão do governo brasileiro não é opção aceitável, e a mobilização política se impõe como medida necessária e imediata.
É nesse contexto que a diplomacia precisa agir com celeridade. Cabe ao Itamaraty e aos órgãos de representação econômica atuar junto ao governo dos Estados Unidos para reverter ou mitigar os efeitos do tarifaço. A ativação do Comitê Interministerial de Contramedidas e o uso da Lei de Reciprocidade Econômica são caminhos previstos, mas não podem ser os únicos. É preciso diálogo direto, argumentação técnica e articulação para evitar que uma decisão alheia às necessidades do País prejudique uma região estratégica para a indústria nacional. O tempo é curto, e o prejuízo iminente exige que a política externa deixe de lado o improviso e assuma seu papel de defesa dos interesses do Brasil.
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