A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é altamente insensata. Prevista para vigorar a partir de 1º de agosto, a medida, marcada por interesses alheios à lógica econômica, configura tentativa de interferência na soberania nacional. Os efeitos podem ser severos para o Grande ABC, responsável por fatia expressiva das exportações brasileiras aos Estados Unidos. O impacto direto recairá sobre setores estruturais, como os de cobre, pneus e armamentos, cujas exportações somaram centenas de milhões de dólares apenas no primeiro semestre. O uso da política comercial como instrumento de disputa ideológica precisa ser rejeitado com firmeza.
Os efeitos preocupam. Empresas como Termomecânica, Prometeon, Bridgestone e CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) figuram entre as mais afetadas. O risco à cadeia produtiva e aos empregos gerados é real. Embora lideranças sindicais não prevejam demissões imediatas, o temor se justifica pela dependência de alguns setores do mercado norte-americano. Além disso, prefeituras como a Santo André e Mauá alertam para possível abalo em contratos internacionais e queda no volume de exportações. Mesmo diante de mercado interno razoavelmente estável, medidas protecionistas como essa minam a previsibilidade essencial para a atividade industrial e podem causar retração nos investimentos.
É preciso que o governo federal, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atue com serenidade, porém com firmeza. O Brasil não pode aceitar passivamente sanções comerciais travestidas de represália ideológica ou manobras em favor de figuras políticas específicas. O uso da política externa para alimentar disputas domésticas de outro país, como apontam autoridades locais, ultrapassa os limites aceitáveis nas relações internacionais. Se não houver reação proporcional, abre-se precedente perigoso para que interesses externos ditem regras em solo nacional. A indústria do Grande ABC, já pressionada por desafios internos, não pode arcar com o custo de conflitos fabricados em Washington.
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